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quarta-feira, agosto 05, 2015

Michel Temer faz apelo ao Congresso e pede união para superar crise





Publicado aqui dia 05 de agosto de 2015 ÁS 22:22

FONTE:G1



O dia tenso começou no Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente Michel Temer, que se reuniu com os ministros da Fazenda, Planejamento, Aviação, Justiça, o advogado-geral da União e os aliados no Senado e na Câmara.

Na terça-feira (4), na volta do recesso, já tinha um clima de ressaca. O governo tentou adiar a votação de uma proposta que aumenta o salário de servidores da Advocacia Geral da União, procuradores estaduais e municipais e delegados das polícias federal e civil estaduais. Proposta que pode custar para o governo mais de R$ 2,3 bilhões por ano. Houve quebra de acordo: 133 deputados aliados votaram contra o adiamento.

E essa foi a segunda derrota do governo, pós-recesso. A primeira foi a exclusão do PT dos comandos das quatro CPIs que serão instaladas nos próximos dias, combinada numa reunião na noite de segunda-feira (3) entre líderes de vários partidos na casa do presidente da Câmara,Eduardo Cunha, que rompeu com o Planalto há duas semanas.

Duas das CPIs preocupam o governo: a dos fundos de pensão ligados às estatais e a do BNDES, o principal banco de financiamentos do país. Derrotas que, segundo Eduardo Cunha, mostram o isolamento do Planalto.

“Claro, nítido que o governo perdeu o controle de sua base. Acho que o governo está sem base. Ou se tem estão fingindo que é base e o governo finge que tem”, disse Eduardo Cunha.

O líder do PMDB foi além: disse que o governo precisa mudar tudo no Congresso.

“É preciso de fato montar a base. O modelo da base exercido até aqui se exauriu, é preciso montar um novo modelo de base de sustentação parlamentar”, afirmou Leonardo Picciani, PMDB-RJ.

O líder do PSD, partido da base, também cobrou que o governo cumpra o que promete.

“Toda a relação política, principalmente de base de governo, significa governar junto também. O padrão brasileiro é compartilhar funções regionais, compartilhar espaços regionais com a sua base. Isso não foi resolvido. Isso não foi equacionado, então não adianta tapar o sol com a peneira”, disse Rogério Rosso, PSD-DF.

O líder do PT no Senado cobrou união dos partidos governistas. “Se os partidos que formam a nossa base de sustentação no Senado e na Câmara estiverem unidos, com toda certeza nós vamos recuperar um ambiente de estabilidade, de tranquilidade para que as medidas do governo na economia possam realmente ter efeito e permitirem o investimento daqueles que estão interessados em trabalhar com o Brasil”, disse o senador Humberto Costa.

A oposição disse que não pode ser cobrada, não pode ser responsabilizada pela crise.

“O governo tem uma base parlamentar de 400 deputados. Para você impedir, inviabilizar a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição, você precisa da ausência de 208 deputados ou votos ‘não’, ou abstenções nesse número de deputados. Então o governo que não consegue se contrapor à aprovação de uma proposta de emenda à Constituição, que na sua visão, não deveria ser aprovada, é um governo que não existe mais”, afirmou o deputado Mendonça Filho, DEM-PE.

A oposição foi elogiada pelo ministro Aloizio Mercadante, que reconheceu que o governo cometeu erros, mas não disse quais. E propôs um acordo suprapartidário.

“Vivemos um momento polarizado politicamente, de tensão, de uma eleição que foi difícil, foi radicalizada, ficou uma herança, erros que nós cometemos e a gente comete enquanto governo, e nós temos que superar. Vocês têm uma experiência importante de governo estadual e do Brasil, vocês governaram o país oito anos, têm quadros que tiveram uma grande experiência. O nosso governo está vetando, tomando medidas impopulares porque sabe que sem estabilidade fiscal, sem o controle da inflação, nós não recuperaremos o crescimento e o desenvolvimento, isso tem que ter um acordo suprapartidário”, disse Aloizio Mercadante, ministro da Casa Civil.

Apelo aos parlamentares

Depois de uma conversa com a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer, que é também o articulador político do governo, chamou os jornalistas e fez um apelo aos parlamentares.

“Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvida que é grave. E é grave porque há uma crise política se ensaiando, há uma crise econômica que está precisando ser ajustada, mas para tanto é preciso contar com o Congresso Nacional, é preciso contar com os vários setores da nacionalidade brasileira. Então eu quero, digamos assim, como articulador político do governo, eu quero fazer esse apelo. Na verdade, vocês sabem que ao longo do tempo nós tivermos sucesso na articulação política, mas hoje se inaugura exatamente o segundo semestre, agrava-se uma possível crise. Nós precisamos evitar isso. Isso em nome do Brasil, em nome do empresariado brasileiro, em nome dos trabalhadores. É preciso que alguém possa, tenha a capacidade de reunificar a todos, de reunir a todos e fazer esse apelo, eu estou tomando esta liberdade de fazer esse pedido, porque caso contrário nós podemos entrar numa crise desagradável para o país. Eu sei que os brasileiros não contam com isso, os brasileiros querem que o Brasil continue na senda do desenvolvimento, na trilha do desenvolvimento e por isso que, mais uma vez, eu reitero: é preciso pensar no pais. Acima dos partidos, acima do governo e acima de toda e qualquer instituição está o país. Se o país for bem, o povo irá bem. É o apelo que eu faço aos brasileiros, é o apelo que eu faço às nossas instituições, ao Congresso Nacional e a todos aqueles que se interessam pelos destinos do Brasil”, afirmou Temer

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