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segunda-feira, maio 18, 2015

Trânsito de alto custo

PUBLICADO AQUI DIA 18 DE MAIO DE 2015 ÁS 10:18
FONTE:DN

Um dos fatores corrosivos dos recursos do Instituto Dr. José Frota, em Fortaleza, é o elevado número de acidentados em motocicletas, na via pública, correspondendo a 70% de seus pacientes. Os sinistros com moto, geralmente, alcançam os jovens em plena capacidade de trabalho, produzindo baixas lamentáveis ou sequelas permanentes.

Em decorrência do trânsito confuso e da infração às normas da conduta dos guiadores, os motoqueiros causam acidentes nefastos com consequências para si próprios e aos outros. Quando não morrem, eles levam entre três e seis meses em recuperação das lesões, consumindo a maior parte de orçamento daquele hospital de emergência.

O Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) elaborou Mapa da Violência, avaliando a mortalidade juvenil no País nos últimos 20 anos. Para tanto, identificou o transporte como o vilão das baixas registradas. No período compreendido entre 2000 e 2011, o aumento das mortes provocadas pelos sinistros chegou a 47,5%. Essa tendência continua crescendo até hoje.



Atualmente, os acidentes e as baixas provocados no trânsito do País constituem uma verdadeira epidemia pelos altos números registrados. Mais do que isso, consubstancia, também, grave problema de saúde pública, em razão dos traumas gerados nas famílias dos sinistrados e da repercussão significativa provocada nas finanças públicas.

Essa realidade é por demais preocupante no Ceará, pois o impacto socioeconômico provocado pelos acidentes de trânsito, ao longo do ano passado, representou custo financeiro superior a R$ 992 milhões. Este valor encontra-se no estudo Retrato da Segurança Viária - 2014, realizado pelo Observatório Nacional de Segurança Viária juntamente com inúmeras outras instituições.

As conclusões decorreram das avaliações dos custos dos sinistros feitos a partir do universo de 2.485 baixas e 11.132 feridos nas vias e estradas do Ceará. No País, os gastos com os acidentes alcançaram R$ 16,12 bilhões, sendo R$ 10,72 bilhões com os óbitos e R$ 5,40 bilhões com os feridos. O Nordeste consome o maior percentual de seu PIB com os acidentes de trânsito, seguido pelo Norte.

Nesse painel de acidentados, Fortaleza é a segunda cidade com a maior taxa de óbitos entre as mais populosas do País, correspondendo a 27,1 por 100 mil habitantes. Recife aparece na liderança dessas estatísticas fúnebres, com 34,7 mortes por 100 mil habitantes. Entre os feridos, o Ceará lidera no Nordeste e classifica-se na terceira posição no País, à frente de São Paulo e Minas Gerais.

Há outro exemplo negativo: Barbalha, na região do Cariri, aparece como a segunda cidade com o trânsito mais letal no País, dentre as localidades com população superior a 20 mil habitantes. Barbalha tem pouco mais de 50 mil e apresenta a proporção de acidentes de 194,4 mortes para 100 mil habitantes.

O trânsito caótico se reflete também na suspensão de 15 mil pessoas proibidas de conduzir veículos em decorrência da aplicação da lei seca. Este é o número dos processos concluídos, relativos aos flagrantes de motoristas embriagados.

Diante dessa situação, Fortaleza foi selecionada para receber a consultoria de uma fundação internacional, especializada em mobilidade urbana, durante cinco anos. Um de seus principais objetivos será apontar medidas para reduzirem o número de acidentes de trânsito, o que somente será possível através da educação do motorista e da formação de agentes do trânsito qualificados.

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